quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
ENTREVISTA COM O POETA CLEI DE SOUZA
CLEI DE SOUZA É UM POETA DE BELÉM, CIDADE ONDE MORA E CRIA SUAS POESIAS, QUE FABRICAVA SEUS LIVROS DE FORMA ARTESANAL E QUE HOJE APENAS OS DISTRIBUI PELA INTERNET, BASTA MANDAR UM EMAIL, SUAS INFLUENCIAS VÃO DA LITERATURA MARGINAL A MÚSICA, ELE PARTICIPA DE DUAS BANDAS, "COISA DE NINGUÉM" E "KEM PARIU EUTANASIO"...
eu: me diz ai como tu chegou na literatura marginal e se instalou?
clei de souza: a literatura chamada marginal veio até mim pelo contato com a contracultura em geral, claro que isso se deveu muito ao meu envolvimento com o rock na adolescencia. daí fui ecrevendo inicialmente sem muito conhecimento de literatura. era aquela coisa punk do faça você mesmo
montamos um grupelho na marambaia que foi aos poucos trocando informações
livros, discos, mas sempre tudo ligado ao universo contracultural e isso em todas as artes. daí um dia tive a coragem de publicar um livro artesanal o "peripatetismo"
hoje sei que pouca coisa se aproveita em relação ao que eu faço hoje, mas quando peso as condições e a bagagem que eu tinha na época eu axo que até foi um bom começo
daí eu comecei a ter resposta dos que liam e fui cada vez mais fazendo, vendia nos bares para sustentar meu vício de beber um vício que sustenta outro vício
isso é que é círculo vicioso. hoje axo que o título literatura marginal não tem mais sentido por que todo mundo pode postar o que quiser, ainda bem. o simples fato da gente tá aqui conversando já é uma prova disso. mas na época em que os caras começaram a fazer e eu também de maneira retardatária, havia uma aura de afronta editorial heroica. era legal.
eu: e quais autores foram responsáveis pelo inicio das tuas leituras?
clei de souza: Pô, primeiramente me apeguei a letristas (ainda hooje não os larguei),renato russo do legião dois,gessinger,via que eles citavam outros caras, daí fui à fonte,tive um impacto muito grande com o uivo
do ginsberg,com o carrossel da cabeça do ferllinghetti, com o flores do mal (do baudelaire), com nupcias do ceu e do inferno (do blake),no brasil minha paixão foi o lemisnk. dentre todos os da geração dele, por último conheci o caio fernando abreu. com ele eu descobri que podia fazer contos.
eu: nao conheço teus contos. tu continua publicando apenas nos livros? nao usa a internet?
clei de souza: hoje eu distribuo pela net. trampo muito e não tenho mais tanto tempo pra fazer nem vender livros
quem manda email pedindo eu mando tudo.teve um tempo que vender livro era complementação de renda, cara.
eu: eu sei
clei de souza: saía d casa com os livros na madruga. levava a bebida já na sacola, a mais baratinha daí saía mangueando pelos bares alternativos da cidade tem histórias engraçadas desse tempo.
eu: conta uma
clei de souza: uma vez, quando eu não tinha grana, eu dava os livros pro miguel, dono do bar, em troca d cervejas. daí ele deixava os livros em exposição e depois vendia os livros daí eu parei d fazer o primeiro livro por preguiça mas o miguel deixou o dele em exposição. pois bem a guria tava comigo e queria levar o livro p ler mas o miguel não deixava ninguém levar.
eu: reliquia já
clei de souza: daí ela com uma car cpínica foi escondendo debaixo da blusa e levou. mais ou menos (reliquia) nem eu tenho esse livro,ela foi pra um outro bar
eu fiquei lá no miguel com uma galera.
o miguel ficou muito puto:" porra, roubaram o meu livro"
eu bati na costa dele e disse: deixa q eu faço outro
tempos depois lancei meu segundo livro lá na federal
tinha uma foto do primeiro nele.
eu: outro sucesso
clei de souza: comigo careca por conta do vestibular
eu: qual o titulo dele
clei de souza: eu já cabeludo ouvi de um cara q não sabia q eu era o autor
" eu conheço esse cara!!!"
eu olhei p ele e disse é mesmo?
da onde?
essa foto tá num livro q eu comprei d uma guria lá no carpe diem no dia tal.
eu: é mesmo. por quanto ela t vendeu?
sis contos
eu: ainda ganhou granna
clei de souza: deixa q eu vendia a três.
eu fui perguntar.
ela disse: cara queria e ler. li. depois queria beber: bebi
essa é uma delas
eu: essa é boa
clei de souza: a agora tô entrando nas instituições mas é só pela grana, não as reconheço. por exemplo ganhei o premio próex da federal recentemente. dia 24 é a cerimonia
é um dinheiro que o Estado rouba d mim e eu pego d volta
eu: com certeza
que premio é esse?
dinheiro e publicação?
clei de souza: é d poesia
um concurso que teve no final do ano
mil merrecas e uma publicação. tenho até medo da publicação eu fazia livros artesanais que tinham uma apresentação improvisada, mas por falta d estrutura.
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errata. se falei rimbaud, deve ter sido por ressaca. é baudelaire. Clei. abraços embriagados em todos.
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