domingo, 14 de fevereiro de 2010

ENTREVISTA COM O POETA JOÃO LENO LIMA



LENO É UM POETA DE MARITUBA, CIDADE METROPOLITANA DE BELÉM E QUE SE ESCONDE DO MUNDO EM SUAS POESIAS, AO MESMO TEMPO EM QUE SE EXPÕE, SEM VIVENCIAR A RUA, MAS SIM SEU ESCURO QUARTO, O POETA CONSEGUE TRANSCREVER PERFEITAMENTE A ANGUSTIA DO SUBMUNDO DA NOITE NAS RUAS DA CIDADE GRANDE, O SUFOCO, O DESESPERO, A SUJEIRA, O MEDO, A PROSTITUIÇÃO, A EMBRIAGUEZ, O SEXO. É UM POETA CHEIO DE SIMBOLISMOS. DEU UMA ENTREVISTA PELO MSN, ASSIM COMO O POETA CLEI DE SOUZA QUE DEU A ENTREVISTA DELE POR ORKUT...


Eu:como tu conseguiu ter coragem de começar a escrever e principalmente de deixar as pessoas perceberem em ti um poeta lendo teus escritos?
leno:
antes de ser uma questão de coragem, escrever o meu "ato" essencial, é mais uma substancia egosísta doq um desejo de salvação para outrem, escrevo pra dar sentido há algo que em mim vive perdendo o sentido, o existir. (isso é uma entrevista?)


eu:quando isso começou?

Leno:
ahh...nao teve um inicio, desde sempre...desde 8,9 anos de idade ja fazia uns pequenos textos, historinhas, toscos e rudmentares ensaios, de alguma forma escrever vou involuntária, foi como aprender a andar e a falar, e eu como sempre falei pouco, escrevia, mas só vim me levar a sério anos depois...
cheguei a escrever letras de musicas, durando uma parte da adolescencia até que chegando na idade adulta, começei a trabalhar os primeiros versos mais sérios

Eu:quais os teus primeiros autore?

Leno:comigo...
aconteceu o inverso, acredito da maioria dos poetas..meus primeiros autores não foram poetas das letras..foram sobretudo, pintores como o Picasso e seu cubismo e a pintura surreaalista...
passei um tempo estudando cubismo e como eu poderia "aplicar" o cubismo análitico nos poemas..rsrs
devido a minha fascinação pelo movimento e a abstração...
o primeiro autor q me chamou atenção e que guardo traços dele até hj, é o Murilo Mendes...
sua poesia com alguns traços surrealistas, que na verdade é uma especie de "abstraçao religiosa" em alguns casos me trouxe um sentimento de liberdade...
Antonio Ramos Rosa, poeta conteporaneo portugues tb fez parte dos "primeiros" autores...


Eu:tu considera a tua arte uma arte marginal?

Leno: uma pergunta que pode ser respondida em duas frentes, primeiro que acho a poesia é sempre marginal, uma arte vindo de pessoas (geralmente) excentricas, no sentido mais sincero do termo, um processo que até chegar nas maos de alguém passa as vezes anos, a margem não significa necessariamente estar fora das coisas mas sim, pq é do poeta (mais doq de qualquer outro artista) o olhar
que traduz não com palavras ou nao só com palavras o todo, oq parece ser ser indefinivel, acho (pra mim) q todos os artistas são antes de tudo, poetas..."marginal" é o proprio sentimento indefinivel...
nesse sentido, oq faço como "arte" é marginal sim, de um visão geral, e em si é é certamente já que a pratico no litoral de uma alcançe mais de pessoas, oq produz uma contradiçao, poesia é pra ser lida, oq torna esse "marginal" algo controverso.

Eu:tu nao curte muito a rua a tua vivencia é muito mais de isolamento, mas na tua poesia a gente sente muito a marginalidade da rua, a zona, a escurio das ruas mesmo, as prostitutas. pq o teu afaztamento da rua?pq o quarto? como se dá essa tua percepção da rua na noite sem tá presente nela?

Leno:Nao acho que meus poemas falem com intençao de definir-se como uma poesia urbana, não se trata que "nao gosto" das ruas, mas não sou dado às ruas realmente, é uma questão de como me sinto, meu poemas refletem uma "urbanidade" doente, excentrica, um cotidiano mais de sutilezas e subsutilezas perante os intantes, doq uma síntese de um olhar "palpavel" na realidade.
A realidade urbana,cotiadiana das ruas no meu poema é a realidade oculta, desconhecida, indiferente, "subrealidade" "aversas" realidade do olhar, dos gesto, dos rostos, é nesse sentido q meus poemas devem ser vistos e é nessa sentido q me sinto, indo até a esquina ou indo no centro da cidade, são pequenos universo doq alguns chamam de "realidade"


Eu:quais os marginais que tu já tivesse contato? digo na lit. dos anos 1960/70?

Leno: antes de saltar meu olhar, pequeno olhar sobre alguns universos minusculos do cotidiano, minha poesia era essencialmente morfada, poema de quartos escuros e becos sem saída, comecei a sentir que poderia atravessar as janelas do quarto conhecendo a poesia beat do Allen Ginberg e a poesia suja e urbana do Roberto Piva,
esse dois foram impactantes pra mim, li e ri, bebi, vomitei, meus poemas se nutriram deles durante um tempo, nao que eu quisesse imita-los, mas precisa dessa dose para sair dele com algo meu, nao tenho medo de influências ou de trazer à tona referencias
Esse olhar "urbano' dos meus poemas foram em alguns se confudiram em alguns momentos com o olhar deles, que são merginais das ruas, do palpavel olhar sobre as coisas. O meu olhar é distante, a poesia beat me ajudou a sair do quarto mas eu mesmo encontrei meu caminho nesse corredor entre eles (a rua) e o solitario olhar mais pessoal e fechado do quarto como metafora.
e a música?como ela chegou na tua vida?como ela influencia a tua poesia?e as tuas composições e a tua banda seguem o mesmo caminho que a poesia e o ato de cantar?


Leno:
Musica é um outro processo de trabalhar palavras e sentimentos. Tenho uma relação de amor/odio/indiferança/dependencia/decepção/sublimação/infiniturde/transcedencia com música. Mas o ato de escrever é um processo muito diferente pra mim do ato de escrever poemas. O poema é como se o universo parece por um tempo ou como se ele tivesse em minhas mãos
Música ainda nao havia sentido isso até começar a criar música e cantar. Oq tem relativamente pouco tempo. Cantar as composiçoes é como mergulhar na s ondas sonoras da própria poesia, nas partículas sensoriais que há em cada palavra,
passei a escreditar q música tem longos túneus, poroes, estradas, escadas, pontes, asas, mar, becos dentro dela que percorremos e que alguns artistas conseguem erguer isso como se tivessem nos levando até as mais excentricas gálaxias. Música é algo pra mim que corresponde há uma realidade dentro da propria realidade das coisas, como toda a arte vc diria, como arte essencial à propria poesia....
além que tb, ao cantar, praticamos um forma de alcance poetico maior, engraçado, nao sinto vergonha de cantar, é como se eu nao tivesse ali, mas declamar um poema ainda me agride, me isola numa capsula, ainda tremo, mas cantar...é um ato de desdobramento...

Eu:e ainda existe o coletivo ai de marituba?qual o nome da tua banda e do coletivo que tu participa?


Leno:
Nao sei sobre o coletivo, a cena de Marituba ainda precisa caminhar para uma cena de carater autoral, com filosofia própria, dialoga ndo com o universo da cidade e de cada um ali, como artista. A cidade é um fenomeno, em relação a quantidade de artistas e sobretudo músicos que existem, mas poucos se arriscam a cantar e mostrar um trabalho seu mesmo.

Nesse sentido, e fazendo um perigoso parelelo com o carnaval da cidade, onde as bandas buscam a imitação barata das bandas baianas, a cena "underground" da cidade ainda se nutre de copias quase fieis de seus idolos, não que isso seja criminoso, mas espero muito mais de artistas que sei que podem dar muito mais.


Eu: qual o nome da tua banda?

Leno:o nome da minha banda é "propulsores". Psicodelia e letras próprias.

Um comentário:

  1. Beleza de Entrevista. mas, confesso que ao final fiquei meio amargurado e com vontade de ir lá pra rua da lama tomar umas...

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